"Vocês dois ainda são uma dupla eficiente?"
NOTA: 7
"Não é uma produção de ação, é de devastação, melancólica as vezes, uma ficção com referências ao oculto, exímio, um filme que impacta mais os sentidos do espectador do que o cérebro" Harry Sales.
“Oblivion” significa “Esquecimento”.
O título do filme faz alusão às memórias dos seres humanos, que foram barbarizadas.
Em Oblivion, vemos a ousadia do ator de ação, sim, ação, Tom Cruise ( Vanilla Sky | Missão Impossível ) , mais uma vez ser testada e ainda assim, ele consegue, de forma eficaz, nos surpreender mais uma vez com suas atuações.
No papel de Jack Harper, um herói futurista iludido por suas visões do que já viveu na existência, ele é uma espécie de Wall-e* (Disney/Pixar 2008) humano executando funções na terra (manutenção do planeta, para os que vivem fora), mas não esta terra que vivemos hoje, uma terra fantasmagórica, mas sem expressões assustadoras, e sim, domada pela natureza e pelo efeito da solidão com que cada cena é disposta.
“ganhamos a guerra, mas perdemos o planeta”. Imaginando que a humanidade contra-atacou com bombas nucleares, o que quase acabou com o planeta. O filme se desenrola em um planeta totalmente novo, para piorar, sem a Lua, as marés ficaram fora dos eixos, e parte do planeta foi inundado por tsunamis absurdos.
Jack, executa a simples tarefa: Manter tranquilas e pacíficas, mesmo que com muita luta e tiros psicodélicos nos drones (robôs sentinelas que mantém os saqueadores longe), as bases de energia (hydros) para a base, que suga a água do mar, e a transforma em energia para os supostos humanos que restaram, nesta nave, O ano é 2070 e, após uma apocalíptica guerra contra uma raça de alienígenas parasíticos (saqueadores) que buscam um novo mundo após terem esgotado os recursos de seu próprio planeta (Independence Day*), o resto dos humanos deu início ao processo de migração para Titã, uma das luas de Saturno, e outros vivem em Tet | Titã | Titan, uma mega nave/estação espacial.
Junto com a colega – e amante – Victoria, Andrea Risenborough (Famosa nos teatros ingleses) [existe uma cena da nudez da mesma em contra-luz, numa piscina psicodélica, vale a pena conferir] com grande destaque, excelente em cena, contribui muito para o roteiro e é estratégica com suas expressões diretas e por vezes penetrante, vive em uma mansão, e ela ali executa um papel essencial, o de: mente pensante para que as partes sejam estruturadas.
Ela não deixa a situação deles sair da rotina, e simplesmente com o jeito de mulher correta, acaba envolvendo os dois em uma realização de entrega e prazer oculto (não tão oculto, já que as cenas de nudez da mesma na água da piscina da casa, é de tirar o fôlego) que existe.
Ela e Cruise, ficam tão bem em cena, que o monstro e ator deixa a mesma por diversas vezes ficar enorme e domar as imagens, é genial a química dos dois.
Jack é atormentado por sonhos, recorrentes que mostram ele em NYC, passeando com uma mulher (Olga Kurylenko), a ótima e dramática Camile de 007 - Quantum of Solace, 2008.
Nesta película Olga da vida a mulher de Jack, Julia , e surge na trama para dar meio a uma mudança de roteiro daquelas premeditadas, mas épicas.
Toda esta ótica é muito anormal, já que os homens tiveram suas memórias deletadas, e aquilo não é uma memória, pois NYC não existe. Mas, seus sonhos e as ligações que tem pelo planeta, fazem de Jack um personagem muito passional, enquanto Victoria se mantém rigidamente sistemática e fiel às regras, sem pestanejar com os seus atos.
Ficando assim claro que, na realidade, a situação dele é mais surreal do que se imaginava.
Nesta hora que surge o caráter messiânico pop a la Morpheus de Morgan Freeman (Batman Trilogy), dando um imenso show em cena, e colocando uma pulga atrás da orelha de cada um.
Formado em arquitetura, Joseph Kosinski faz jus ao seu diploma em "Oblivion", onde tudo o que vemos é extremamente real, as construções dos prédios e das naves e robôs, diferenciando-se inúmeros filmes que apelam para a estética do visual, tudo vai além de belas fotografias, além de se encaixarem, é um pano de fundo.
É alucinante Jack Harperpilotando sua nave ou o como os drones deslizam na superfície, é a qualidade dos estudos de toda a equipe, nos levando aos clássicos da ficção científica, quando o "chroma-key" passava longe de ser a fonte de inspiração.
A mansão futurista ( a memorável base de operações e lar, acima das nuvens e com direito a piscina panorâmica ) em que Jack e Vika vivem é de uma sensibilidade estupenda, voa acima das nuvens, ás lindas tomadas em plano aberto em que vemos o que restou da terra, as cenas nos levam a um filme que nos integra no visual, e dramaticamente a melancólica sensação do planeta (destruído) apresentada na telona, é linda, cortesia do talento do diretor Joseph Kosinski, de Tron – o Legado (Tron – Legacy, 2010) e do fotógrafo Claudio Miranda (Vencedor do Oscar de melhor fotografia em 2013, pelo excelente As aventuras de Pi).
Quanto a uma profundidade nos efeitos visuais, eles são barbáros (a maioria das tomadas do filme possui um trabalho muito profundo em CGI) um pincel na mão da direção de arte para escancarar uma Nova York de características fascinantes.
A trilha sonora é perfeita, mesmo que não mais feita por Daft Punk como em Tron, Kosinski mais uma vez fez a escolha certa, colocando a banda eletrônica francesa M83 na frente, trilha sonora esta composta em conjunto por Anthony Gonzales, Joseph Trapanese.
O resultado é brilhante, traz força a cada sequência, caracteriza momentos, traz o que poucos filmes recentes do gênero tem, personalidade e impacto.
É válido citar também, o incrível trabalho de edição de som que dá vida às imagens, focalizando a integração de tudo.
Há sequências de ações explosivas (com a potência de “Ramble On”, do Led Zeppelin) os mais atentos pegarão no ar a sua intenção.Seja pela excelente trilha sonora, misturando uma pegada clássica com as batidas eletrônicas, fez o seu papel.
A edição e o desenho de sons são um toque a parte, devo salientar a criação de ruídos dos drones, que criam uma sensação de problema com a sua presença nas cenas, chegam a dar um certo desconforto.
Intensa, a música deste filme, eleva-nos com maestria, emociona. Você pode conferir isto tudo Nesta page incrível, Só dar o play!.
Mas o que concluo é que a supremacia grande da obra é o visual extremo, das locações naturais filmadas na Islândia aos cenários desérticos da América devastada, avaliando também o Tet e as máquinas que sugam as águas oceânicas, como é de praxe na ficção científica, o filme toca questões éticas e até filosóficas (Cruise ao declamar um poema do romano Horacio dá um show), Sobra a aventura. E as referências.
O fato é que Oblivion (2013), ainda que seja um filme charmoso e misterioso, temos que interpretar os signos que só aos poucos são desvendados.
Com sua impecável beleza de luz e enquadramentos, ele nos leva a uma frieza criada pelo diretor, que trás para as telas a HQ que ele criou.
Cada um terá uma percepção do filme.
Referências:
Em uma das cenas ele segura um óculos de sol que ele usou no filme Top Gun. No take em que ele amarra a corda na moto para investigar o buraco onde o drone caiu, tem uma cena que deixa a entender a clássica “cena da corda” de série Missão Impossível.
Quando ele coloca um boné do New York, azul igual ao que ele usa no Guerra dos Mundos matamos na lata a demonstração.
Subliminar:
1 Cientologia:
Domada a parte técnica e perceptiva, percebi em Oblivion como observador e estudioso de "Scientology". Em toda a narrativa da película o filme deixa no ar em cada uma das cenas, significados e significantes trazidos da noção de " Thetan " (o ser eterno ) originado nos estudos de Ron Hubbard, escritor de ficção científica e fundador da "Scientology".Os termos Titan (o local onde os humanos são enviados) e
"Tet" (a base espacial ) nos levam ambos ao "Thetan", o conceito supremo da ciênciologia.Um "thetan" ou espírito no sentido cientológico, não é uma pessoa, ele é eterno.Pura Cientologia, explicita e descrita.
Para quem optar por um estudo da Cientologia:
2 Maçônaria:
Os símbolos Maçônicos com Tet, o Arquiteto to Universo, são escancarados.A busca eterna de Jack por chegar ao seu conhecimento, suas memórias, sua incansável memória com sua origem e o principal, sua busca pela plenitude e suas raízes, fazem de Oblivion, com suas forças uma ilustração do que nos leva a compreender a busca pelo conhecimento e a soberania, Jack morre para a vida, e nasce para a eternidade.
Alusões:
O "Olho de TET", e o "Esquadro Compasso" (Símbolo forte na maçonaria), são comparações claras, de um triangulo regendo e observando sempre, os homens.
Fica claro, as referências na maçonaria, no meu entendimento, deixam exprimidos, todos os sentidos desta filosofia de vida.
Direção: Joseph Kosinski
Elenco: Tom Cruise, Olga Kurylenko, Andrea Risenborough, Morgan Freeman, Nikolaj Coster-Waldau.
126 minutos, 12 anos.